Pelo menos durante a Copa do Mundo de 2022 os símbolos LGBTQIAP+ serão permitidos no Catar. Extremamente conservador e com códigos religiosos rigorosos, o país árabe proíbe a relação entre pessoas do mesmo sexo, mas vai cumprir as regras da Fifa, que promovem a tolerância e a inclusão durante os jogos, apesar das rígidas leis anti-LGBT.
Segundo reportagem da ESPN Brasil, a Fifa está determinada a pressionar o Catar a organizar um “torneio inclusivo”. “Sou uma mulher assumidamente gay no futebol, então isso é, pessoalmente, para mim, algo de que também estou próxima”, disse Joyce Cook, diretora de educação e responsabilidade social da Fifa.
Os organizadores da Copa do Mundo do Catar garantiram que as telas que promovem os direitos da comunidade LGBTQIAP+ não serão removidos. O presidente-executivo da Copa do Mundo de 2022, Nasser Al-Khater, afirmou que vai seguir todas as diretrizes, regras e regulamentos da Fifa com relação à divulgação de materiais LGBT.
“Temos um país que é conservador, mas somos um país acolhedor. Somos abertos e acolhedores. Entendemos a diferença nas culturas das pessoas. Entendemos a diferença nas crenças das pessoas e, por isso, penso, mais uma vez, que todos serão bem vindos e tratados com respeito”, declarou Al-Khater.
Apesar desse sinal de “boa vontade” por parte do Catar, ativistas de direitos LGBT querem que o país vá além e comece a promover mudanças nas leis. Para Chris Paouros, membro do conselho consultivo de inclusão da Federação Inglesa de Futebol, só aceitar os símbolos nos estádios não ajuda em nada a comunidade LGBTQIAP+ do Catar.
“É ótimo para nós poder ir e colocar nossas bandeiras no estádio, e isso é maravilhoso durante uma Copa do Mundo. Você quer que seja o festival do futebol”, disse. “Mas, em última análise, fazemos este trabalho porque queremos ter certeza de que todos possam ser livres para ser quem são. Se você é um catariano e não pode, então isso parece uma fachada”, concluiu.
Paouros acrescenta que espera haver um diálogo real com a população LGBT do Catar, para que eles não sejam marginalizados nem criminalizados.
O relatório de direitos humanos mais recente do Departamento de Estado dos Estados Unidos sobre o Catar destacou como as pessoas LGBTQ lá “em grande parte ocultaram sua orientação sexual, identidade de gênero ou características sexuais devido a um padrão subjacente de discriminação”.